Querido diário..

Hoje estou acabada, perdidíssima.. pra quem ainda estiver a fim de ler.. saiba que não vai te acrescentar em nada.. eu acho.. pq é simplesmente um desabafo. Até uma próxima..

São só 16 anos.. mas já chorei demais!

Por querer fazer pressão pro papai me deixar viajar com o pessoal do vôlei; por tentar fazer a mamãe ficar com pena de mim e não me castigar por ter passado trotes na madrugada; por ter sido desprezada por minha doença, ou por ter sido desprezada sem motivo algum; por pensar em suicídio; por me culpar por simplesmente pensar em morrer, sendo que tenho todas as chances possíveis pra ter uma vida brilhante!

Não sei, mas acho que chorei tudo pelo resto da minha existência (que, tomara Deus, não seja longa). Fui uma criança triste, sou uma jovem confusa.. que tipo de adulta eu vou ser? Decidida é que não é..

Não sei em que ou em quem acreditar.. não sei nem porque deveria ter algo em que acreditar! Tenho momentos plenos, mas são sempre os momentos mais simples! Dispenso as formalidades.. hje, pra mim, é importante saber se eu estou satisfeita.. e acabou! Droga.. isso soa de um egoísmo sem tamanho.. mas acho que tenho essa “revolta interior” que não me deixa nem ligar pra isso..

Acho que de verdade, eu sempre fui uma pessoa “mais ou menos”.. Não sofri demais pra dar valor a absolutamente tudo o que eu tenho.. sofri o suficiente pra valorizar.. simplesmente! Dependendo da pessoa, pode olhar pra mim e dizer: “Ah, qual é.. essa garota não sofreu nada!” e alguma outra: “Ham?!”..

Me dizem pra dar valor à vida que eu tenho.. mas que vida é essa que nem eu sei?! Eu vivo “em cima do muro” com tudo! Vivo em dúvida, em uma total incerteza! Não sei em qual ponto da minha história eu me tornei insana, mas isso aconteceu, e foi um processo tão sutil.. sei que agora, quando estou em frente a coisas que não sou capaz de fazer, ou de mudar, ou de melhorar.. eu rio! Deixo pra lá.. Compromissos? Deixa pra depois..

Não sei também em qual tropeção eu deixei cair a minha fé em Deus.. só sei que ela ficou pra trás, e tem algo que parece me dizer “esquece, vc não vai achá-la de novo”.. Tem tanta coisa sobre a qual eu ouço falar.. obras, testemunhos, que só me escancaram “aíí Ana, Deus existe sim.. faz obras por toda parte.. vc é que não vai atrás de conhecê-las”.. e mesmo assim.. vivo nesse eterno dualismo! Decido que vou ser crente de verdade.. mas na primeira dúvida que bate, todas as outras voltam como uma avalanche.. Eu não tenho coragem de assumir isso pras pessoas do meu meio, minhas amigas.. afinal, o que elas sabem sobre minha cabeça? Nada. Eu nunca as deixei saber.. E se eu expusesse meus pensamentos.. com certeza, muitos se escandalizariam.. E isso me deixa numa agonia, numa aflição sem tamanho.. Pq eu não sou uma pessoa típica do meu meio.. Nem uma atípica.. Sou aquela eterna “mais ou menos”!